Você conhece David Robert Jones? E Robert Allen Zimermann? E da Stafani Joanne Angelina Germanotta, já ouviu falar?
Acredite, estamos falando dos brilhantes David Bowie, Bob Dylan e Lady Gaga.
E será que Pearl Jam teria tanto sucesso se fosse batizado como Mookie Blaylock, como era a ideia original?
Sem dúvida, o nome é um chamariz e tanto para quem deseja percorrer a carreira artística. É inegável que um nome bem escolhido, sonoro e instigante traz força ao artista, brilho, e, claro, interesse do público. Não à toa, tem até quem apele para a numerologia para escolher um nome que vai abrir mais as portas para o sucesso!
Mas, para além de assuntos místicos, hoje a pauta é sobre essa decisão séria, que deve ser ponderada com racionalidade, mas também com aquela pulsão que move a alma de um artista: estamos falando sobre a busca pelo nome artístico.
O nome é um elemento primordial na criação da sua marca artística. É por ele que você será reconhecido e por ele que as pessoas saberão do seu trabalho. Um nome poderoso faz milagres pela sua carreira, enquanto um nome mal escolhido pode arruiná-la.
Imagine-se também como público: que nome te seduziria para conhecer o trabalho daquele artista (ainda!) desconhecido e que nome não te geraria nenhuma curiosidade?
Um nome ruim, basicamente, é aquele que não te representa e não traz conexão com o público.
Tudo depende de combinações que você fizer com apelidos, nomes ficcionais, sobrenomes. Às vezes, um nome mais diferente, mas ligado a um nome mais simples, cria um efeito impactante. O segredo é esse equilíbrio. Será que José da Silva seria o nome artístico ideal para um cantor?
Nomes com números devem ser bem escolhidos – cuide para não parecer amador, tenha bom gosto. Um nome complicado pode não cair na boca do povo e não ter apelo comercial.
Além disso, o nome deve combinar com seu estilo. Se você for mais romântico, um nome agressivo vai passar uma mensagem errônea. Do mesmo modo, se seu estilo é mais popular, um nome refinado não vai ter a aprovação do público. Outro alerta: às vezes, colocar o estilo da música atrelado ao nome pode delimitar (e limitar!) seu trabalho, como se você só fosse reproduzir aquele ritmo. Reflita se vale a pena.
Um nome pouco sonoro também não é tão legal – pense que você irá repeti-lo infinitamente, ele tem que ser agradável a você. Curta, confie, acredite naquele nome: é ele quem vai te levar para o estrelato!
Há várias possibilidades de criar seu nome artístico: você pode adotar seu próprio nome de registro, pode encurtá-lo (só primeiro nome e sobrenome), pode usar um apelido de infância (a exemplo de Xuxa e Pelé) ou pode inventar um nome ficcional. Essa inspiração para um nome pode vir de inúmeras situações e preferências, mas respeite sua essência artística: essa será uma das características de sua marca, logo, deve dialogar com seu estilo e com sua personalidade.
Se for escolher um nome mais comum, combine com um sobrenome interessante, formando uma marca mais original.
Lembre-se: você pode sempre fugir das regras, mas é muito importante entendê-las antes.
Outra dica é imaginar se, em uma futura carreira internacional, aquele nome será bem recebido por outras línguas. Vão saber pronunciá-lo?
Esses são os pontos primordiais: você está trabalhando com comunicação, e seu nome precisa ser único, marcante, expressivo. Em épocas de redes sociais e Internet, tem que entrar na balança como esse nome será registrado e se não vai gerar confusão nas buscas.
O nome de um grupo tem a mesma importância e impacto de um nome individual, no entanto, há algumas particularidades que devem ser observadas.
As organizações ou grupos possuem objetivos que vão além dos indivíduos. O propósito da organização deve ser oficializado a partir de sua missão, visão e valores. Ele é criado pelos fundadores em comum acordo. Para grupos artísticos, isso pode ser oficializado por meio de um manifesto artístico.
Quem já trabalhou em grupo (banda, cia de dança etc) sabe quão difíceis são decisões unânimes (em que todos concordam). Mas com um propósito comum, alinhado com o objetivo do grupo, fica mais fácil saber a direção a ser tomada. Se um dos membros do grupo sair, o ideal deve sobreviver: seja estilo musical, estratégia comercial ou simplesmente a quantidade de ensaios.
Para a estratégia de nome, em grupo, isso também se aplica. O objetivo do grupo deve ser claro para que a escolha do nome seja alinhada com o propósito do grupo.
Pesquise tendências – como os artistas do seu nicho estão se nomeando? Antigamente, nomes de cantores sertanejos eram mais rimados, hoje, essa regra já não é usual. Referências contemporâneas podem ser um guia interessante para a definição.
Outra tendência para os grupos é usar nome único. Mas, para tanto, procure um nome diferente, não comum. Lembre-se de que as pessoas vão buscá-lo nos sites, então um nome com muitas ocorrências não vai te levá-lo ao seu público.
O nome deve combinar com o estilo daquela manifestação artística e se houver alguma simbologia para o grupo, melhor.
Outro ponto fundamental: o nome deve estar disponível, ou seja, outro artista não pode já ter adotado esse nome. Sobre isso, leia o próximo tópico para entender como garantir a exclusividade de sua marca.
Pronto, o martelo está batido: você já sabe como será reconhecido. Mas, para não haver um risco que é tão desagradável quanto perigoso de encontrar outro artista com o mesmo nome, é hora de pensar em registrá-lo.
Ao contrário do que muitos pensam o registro da marca pode e deve ser feito pelos artistas no início da suas carreira.
Confira o passo a passo do processo:
1º) Cadastro no Portal do INPI
2º) Identificação da classificação do produto ou serviço ao qual seu trabalho se filia;
3º) Pesquisa da viabilidade: será que esse nome já não é usado? Faça a busca no INPI (Instituto Nacional da Propriedade Industrial);
4º) Organização da documentação para protocolar o pedido;
5º) Pagamento do guia, registro de informações da marca e abertura do protocolo;
6º) Em um mês, seu pedido aparecerá na Revista de Propriedade Industrial, e em até 2 meses, outras marcas poderão protestar contra seu registro. Mesmo depois que o registro vigorar, ainda há um período de 180 dias em que terceiros poderão recorrer.
7º) Se não houver objeção, você tem 90 dias para pagar as taxas decenais, que correspondem à proteção da marca por um período de 10 anos;
8º) Esteja vigilante quanto às atualizações do INPI, que pode exigir novos documentos.
Não tenha pressa para escolher seu nome artístico!
Na hora de escolher o nome artístico, pense nos seguintes fatores:
O nome dever estar alinhado com o propósito da marca/projeto;
Ele tem que ser sonoro;
Tem que ser de fácil pronúncia
Tem que ser de fácil escrita
Tem que ser bom em outras línguas (se você tiver pretensão de carreira internacional
Tem que ser de fácil aplicação em material e identidade visual – o nome deve combinar com o logo, ficar visível e identificável.
No processo de escolha, pesquise se aquele nome pode seu usado ou se já não foi adotado por outro artista,
Finalmente, após essa verificação, registre o seu nome para garantir que ele será só seu.
É hora de celebrar: você já tem um nome artístico! 😃
Formada em Letras e Comunicação, mestre em Literatura e doutoranda em Linguística. É autora do livro “Raíssa” (Editora Inverso). Atua como escritora, revisora, produtora de conteúdo e redatora.
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